O que significa errar?          Lindolfo Figueiredo


por
Angela Ceretti



“O único homem que está isento de erros é aquele que não arrisca acertar”

,            Einsten






Angela Ceretti
Professora de Ciências
e Matemática do 5° ano do Ensino Fundamental
Anos Iniciais do
Colégio Canello Marques





O Retorno do Filho Pródigo, pintura de Rembrandt Harmenszoon van Rijn (c. 1669)


Sempre tivemos a ideia distorcida sobre o erro. Os jovens têm medo de falhar, porque não os ensinaram que perder ou ganhar faz parte do processo.

É preciso ter uma atitude diferente diante do erro. Na verdade, errar sempre será uma característica humana, e como tal, não pode ser tratada como incapacidade, deve ser vista como um caminho para o acerto, um momento de reflexão.

É na frustração e no desconforto do erro que se fixa algo na memória, pois no momento em que se reconhece o erro e o aceita, automaticamente, busca-se uma nova alternativa para a superação, isto nos leva à compreensão e a um novo desafio. Neste momento, a ação deixa de ser meramente mecânica.

Entendo que o erro deve ser encarado de pontos de vista distintos. Destaco, por um lado, a imposição da sociedade. Esta impõe que não se pode falhar, que não podemos errar e qualquer erro pode ser punido de forma exemplar. Não podemos, portanto, fracassar! Aprendemos isso desde pequenos.

É natural olharmos o ato de errar como grave, ou passível de punições. Muitas vezes, nós adultos erramos e perante a sociedade não podemos admitir, pois aprendemos que admitir uma falha é humilhação. Pedir desculpas é obrigação do outro, afinal, se não consigo assumir meu erro, por que tenho de pedir desculpas?

Devemos ver o erro como uma tentativa de acerto, logo como fator de aprendizado. Sentimos, porém, a falta de alguém que nos oriente e nos ajude a organizar em nossa mente o que deve ser feito com o erro.

Outra visão do erro é a educacional. Na sala de aula, o erro deve ser considerado como uma tentativa do aluno de chegar a um acerto em busca da construção do conhecimento, porque é do erro que surgem novas soluções.

O ato de errar leva à aprendizagem, momento em que o aluno tem a liberdade para ter as suas próprias experiências. O importante é incentivar o aluno a responder, exercitar a atividade mental e a criatividade sem deixá-lo constrangido. Nesse momento, cabe ao professor ser mediador, caminhar junto com a turma levando à troca de informações e construção de conceitos importantes.

Durante jogos em sala de aula, por exemplo, podemos perceber a resistência que os envolvidos com o jogo têm em relação à preocupação com o fato de perder e se expor perante o grupo. Neste momento, o professor deve atuar como mediador de uma reflexão e parar para ouvir opiniões, fazendo com que os alunos possam refletir e mudar.

Já numa situação de avaliação, o medo de errar é tanto que faz com que os estudantes transformem perguntas simples em verdadeiros enigmas.

Quando somos exigidos em situação avaliativa, de maneira inconsciente, a pressão para estudar acontece somente na semana da prova. Isto ocorre por não se ter o hábito de estudo diário com revisões de conteúdo. Alunos enxergam a avaliação como um ato de punição e não como mais um momento de aprendizagem.

É neste momento da avaliação que podem ocorrer erros e a partir deles é que o professor poderá refletir e rever suas estratégias, melhorando ainda mais as aulas e por consequência fazendo com que o aluno desperte a possibilidade de aprender com o erro.

Algumas vezes os alunos se sentem pressionados por não quererem decepcionar os pais e com isso seus erros são acentuados, justamente porque o medo acaba bloqueando o aprendizado. É preciso tirar este rótulo e só conseguiremos isto com estudos e conversas diárias, fazendo com que as crianças entendam que precisam apenas fazer o melhor que souberem, claro que com muita dedicação e responsabilidade que é bem diferente do medo de errar ou querer agradar.

Hoje conseguimos ter uma visão mais aberta sobre o assunto e devemos trabalhar a proposta do aprendizado a partir do erro não só na educação escolar, mas também na educação dos nossos filhos para que estes não tenham medo de errar, mas sim consciência para assumir e corrigir um erro.

Se bem trabalhado na infância, na fase adulta o erro deixará de ser apenas frustração, mas será a motivação para encontrar caminhos melhores, novas soluções, mais tolerância e menos desrespeito com o outro na vida em sociedade.

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