Fala de abertura da Festa, em 28 de agosto de 2013,
por: Benedito Camargo, na Casa de Cultura Salvador Ligabue, Freguesia do Ó, São Paulo, SP, Brasil
ATO INTER-RELIGIOSO
¬ A mesa foi composta pelo Exmo. Sr. Eduardo Peres Palia, digníssimo Subprefeito da Freguesia do Ó/Brasilândia que abriu a sessão. A fala de abertura - texto ao lado - coube ao Sr. Benedito Camargo, Católico, diácono da Arquidiocese de São Paulo e antigo morador no bairro. Outros líderes de Entidades Religiosas da Região; Igreja Assembléia de Deus , Kardecista, Evangélica Metodista e Umbanda. A organização e direção dos trabalhos bem como a composição da mesa coube ao então Coordenador da Casa de Cultura Salvador Ligabue, Sr. Rodrigo Carvalho. As falas dos representantes das Entidades Religiosas presentes, se deu de acordo com o sorteio prévio.
Marcas da História
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Intenção dos fundadores do Bairro
Agradeço o convite feito por esta Casa, e muito embora, não tendo especialização em História, e consciente que existem pessoas muito mais capacitadas neste mister, mais preparadas, sabedoras e competentes. Porém, aqui estou como um apaixonado pela Freguesia do Ó.
Não vou contar a História de nosso chão, já que existem muitas fontes disponíveis. O que pretendo propor é uma análise sobre a intenção dos fundadores do Bairro e como aconteceu sua formação.
Quando vamos a um jantar, primeiro temos um aperitivo com pequenas iguarias como antepasto. Ao prato principal, talvez uma carne nobre, não atentamos que a delícia daquele prato, é proveniente do tempero agregado. Algo tão pequeno, mas capaz de valorizar em muito aquele prato. Na História também é assim, coisas pequenas, até insignificantes, dão sabor e vida aos cenários e seus Protagonistas.
Cultura é isso.
Precisamos valorizar tudo; o máximo e o mínimo.
Fatos, pessoas, documentos, lugares. Tudo deve ser compreendido em seu contexto.
Exemplificando; - Num determinado texto, ao ler que um homem caminha na frente da mulher e dos filhos, podemos achar que é machismo, autoritarismo, falta de atenção.
Refletindo sobre o tempo e o lugar do acontecido, percebemos que aquele homem, naquele contexto, caminha na frente para defender e proteger sua família.
No tempo da história, naqueles caminhos, poderia ter animais peçonhentos e outras feras que poderiam atacar quem caminha na frente. Daí, "nunca julgar a História", podemos errar!
Nossa História, nesta paragem, tem início com a instalação de uma fazenda, por Manuel Preto, no final do século XVI, e que além da produção agrícola praticada pelos donos da terra, aqui também foi pousada dos exploradores do ouro achado nas proximidades do Jaraguá. Portanto, não houve um mentor, tampouco aconteceu uma fundação da Freguesia do Ó, como seria praxe na instituição de uma Entidade. Houve, sim, a busca da sobrevivência no trabalho duro, agrícola e pastoril, de sua gente. Associada a isso, o lugar, mostrou também sua vocação de acolher e dar pousada a tropeiros, gente simples, de dura cerviz, que também lutavam pela própria sobrevivência.
Como sempre, e em tudo que acontece, desde o começo da História do ser humano no Planeta, há os que dominam e outros que se submetem. Aqui não foi diferente. Na Fazenda, o trabalho duro exigia mão de obra, e, o proprietário das terras, buscava na caça aos índios, a solução desse problema. Manuel Preto chegou a ter quase mil índios em trabalho escravo.
Quanto aos que aqui faziam pousada, provindos da Vila de São Paulo de Piratininga, os viajantes, de longe, avistavam e tinham como referencia o Pico do "Jaragoá", na língua nativa, "O Senhor do Vale". Aqui, no sopé do morro, a tropa fazia pousada para refazer as forças, devido à distância, pois num só dia não conseguiam chegar ao seu destino final, as minas de ouro. Os donos das jazidas do rico metal eram poderosos da época, e o lucro era seu objetivo, não importando o quanto isso fizesse vítimas, de doenças, ataque de animais e acidentes.
A Freguesia do Ó nos seus 433 anos de fundação
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