A Freguesia do Ó nasceu sob o olhar e a ternura da Mulher

por
Benedito Camargo

¬ Tibiriçá e Potira tiveram a filha Terebê, da tribo dos guaianazes, irmã de Bartira que se casou com João Ramalho.
¬ Terebê casou-se com Pedro (ou Pero) Dias e foi batizada com o nome Maria da Grã, sobrenome “emprestado” da família Grã do Padre Luis da Grã, segundo provincial do Brasil e primeiro superior do colégio formado nos campos de Piratininga.
¬ O cacique Tibiriçá tinha por um religioso Jesuíta, o Irmão Pedro Dias, uma especial amizade, de modo que quis que ele se casasse com sua filha Terebê.
¬ O morubixaba Tibiriçá, é maioral da aldeia de Inhapuambaçú.
¬ Os restos mortais de Tibiriçá estão na Cripta de Catedral da Sé em São Paulo, SP
¬ Clara Parente (Madeira), Mameluca, 1/2 sangue, filha de Terebê e neta de Tibiriçá, faleceu com 80 anos.
¬ Águeda Rodrigues é bisneta de Tibiriçá. Não encontramos registro de nascimento nem de óbito.


Corria o século XVI na pequenina Vila de São Paulo dos Campos de Piratininga, quando Pedro Dias (1520-1590), irmão leigo Jesuíta, celibatário, obteve autorização do superior e fundador de sua ordem, Inácio de Loiola, para casar-se com uma nativa, Terebê (*1515), que no batismo recebeu o nome de Maria da Graça, filha do chefe goianás, morubixaba Tibiriçá¹ (1487-1562) e da índia Potira.

Dessa união, de uma índia com um português, nasceu Clara Parente (1555-1635), mameluca, que depois contraiu matrimônio com o Português Gonçalo Madeira, os pais de Águeda Rodrigues, a futura esposa de Manuel Preto (1583-1630), os fundadores da Freguesia do Ó.

No século seguinte, em 15 de agosto de 1618, estando já concluída a construção da humilde capelinha em honra da Senhora da Esperança, Águeda Rodrigues e seu marido, passaram a escritura de doação, "até o fim do mundo", do "cítio do jaragoa" e todos os bens do casal, vinculando tudo à dita Capela, que teve ao seu redor, a formação do pequeno povoado, no alto da "colina azul", próximo ao caudaloso Rio "Anhamby".

Século XVIII, por um decreto de dona Maria I, rainha de Portugal, na divisão dos "Filhos da Igreja da Sé" em três partes, o pequeno povoado que já tinha uma nova igreja, inaugurada em 1794, é constituída como Freguesia, que no regime do padroado ganhava vida própria.

Belo registro na História, para nossa querida Freguesia do Ó, que nasce sob o olhar, a benção, a ternura e a graça dessas cinco mulheres; Terebê, Clara, Águeda, Maria-a-santa-louca e Maria, a-virgem-grávida, a Senhora da Esperança.

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SOUZA N. (org.), Catolicismo em São Paulo - 450 anos de presença da Igreja Católica em São Paulo,, São Paulo: Paulinas, 2004.
LEME, Luiz Gonzaga da Silva (1852-1919), Genealogia Paulistana, Vol VIII - P 03 e 24.
NARDY Filho, F., Artigo do Jornal "O Estado de São Paulo", 12 de Outubro de 1945.
Livro do Tombo do ano de 1747, da "Parochia da Sé", f 18 e 19 do Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo.

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