por
Benedito Camargo
2 de abril de 2014
Detalhe do quadro de Benedicto Calixto, pertencente ao acervo do Museu Paulista. Anchieta nasceu em 1534, em Tenerife, nas ilhas Canárias, e faleceu em 1597 na cidade hoje denominada "Anchieta", no estado do Espírito Santo.
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Vivemos numa cidade imensa, vibrante, cheia de vida, movimento e progresso. Nossa metrópole, antiga vila de São Paulo dos Campos de Piratininga, foi fundada pela irmandade dos Jesuítas, cujos relatos documentados por José de Anchieta, se encontram nas Cartas por ele escritas ao seu superior e fundador da Companhia de Jesus, Ignácio de Loyola. Tais Cartas ficaram expostas no Pátio do Colégio na comemoração do aniversário de fundação da Cidade neste ano de 2014.
Esses documentos são de grande valor histórico, já que retratam a vida do lugar com seus personagens, as realizações e formas vivenciais e costumes da época. O que mais chama a atenção em todas as Cartas, além dos relatos, cheios de humanismo e atitude fraternal do autor, quando da assinatura, ao despedir-se, Anchieta tem uma humildade sublime que nos toca. Denomina-se: "O mínimo da Companhia de Jesus, José". [Carta a Ignácio de Loyola, Roma - de Piratininga em julho de 1554]
"O último da Companhia de Jesus, José". [Carta a Ignácio de Loyola, Roma - de São Paulo de Piratininga em 1 de setembro de 1554]
"Pauperet et inutilis, José". [Aos Irmãos enfermos de Coimbra - de São Vicente em 20 de março de 1555]
"O mais pequeno da Companhia de Jesus, José". [Carta Trimestral de maio a agosto de 1556 - de Piratininga em agosto de 1556]
"O último da Companhia de Jesus, José". [Carta sobre as coisas naturais de São Vicente - de Piratininga em 31 de maio de 1560]
Na maioria das Cartas simplesmente se denomina José, porém, no ano de 1570, já superior em São Vicente, Anchieta, ao escrever ao superior geral da congregação, Francisco de Borja, assina P. José, SJ, e se denomina; "de V. Paternidade filho indigno in Domino".
A Cidade ganha mais motivação para sua vocação empreendedora, e precisa ter um olhar de gratidão e se espelhar em José de Anchieta, que deixou-nos a Certidão de Nascimento, desse chão que ora pisou e que hoje pisamos. Em sua Carta do quadrimestre de maio a setembro de 1554, dizia nosso Patrono; " ...Por isso, alguns dos irmãos mandados para esta aldeia no ano do Senhor de 1554, chegamos a ela a 25 de janeiro e celebramos a primeira missa numa casa pobrezinha e muito pequena no dia da conversão de S. Paulo, e por isso dedicamos ao mesmo nome esta Casa.
...Desde janeiro, até o presente, estivemos às vezes mais de vinte numa casa pobrezinha, feita de barro e paus e coberta de palha, de 14 passos de comprimento e 10 de largura, que é ao mesmo tempo escola, enfermaria, dormitório, refeitório, cozinha e despensa; mas não temos saudades das casas amplas que os nossos habitam noutras partes.
...Esta casa construíram-na os próprios índios para nosso uso, mas agora preparamo-nos para fazer outra um pouco maior, de que nós seremos operários com o suor de nosso rosto e o auxílio dos índios.
Na data de sua Canonização pela Igreja Católica, sem nenhum milagre ainda a ele atribuído, fica a certeza que a "Sanidade" de sua vida atesta a "Santidade" de seu espírito. Que bom que temos mais um modelo de Vivencia, sobretudo humana, que nos aponta para o mais humano dos humanos, Jesus Cristo!
Saiba mais: O grande milagre da vida de São José de Anchieta
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