FESTINA LENTE
Cônego Noé Rodrigues




Texto do Padre Noé Rodrigues, publicado no Editorial em "Nossas Crianças" - Boletim informativo da Obra Assistencial Nossa Senhora do Ó - N°8 - Dezembro de 2003.

A vida moderna vive sob o signo da velocidade. O avião a 1000 quilômetros por hora, as naves espaciais a 40000 quilômetros por hora. No solo, carros em viagens comuns a 120 quilômetros por hora. Em competição, 300 quilômetros por hora. Na área de comunicação, som, imagem, e voz, através de rádio, telefone, televisão, transmitidas por meio de ondas hertzianas, com a velocidade da luz, 300000 quilômetros por segundo, quase instantaneamente. Nos computadores, informações e cálculos, também instantâneos. Um acontecimento na China é conhecido imediatamente no Brasil e em todas partes do mundo. As imagens a todo instante se reproduzem aos milhões na televisão e nos computadores. Nas grandes concentrações urbanas de população, em cidades de 10000000 e 20000000 de habitantes, o povo vive correndo, num mundo de alta competitividade. Jovens correm para conseguir uma vaga em emprego ou numa Faculdade. Nesse mundo agitado e trepidante é que vive o homem moderno. Ele se sente influenciado por todo esse meio ambiente. As notícias se acumulam, os fatos se precipitam, a vida tumultua. O homem vê-se pressionado a andar ao ritmo dessa situação envolvente. Está ameaçado de, a seguir esse ritmo maluco, tumultuar também o seu mundo interior, seus pensamentos e emoções, a ponto de chegar ao estresse. O descontrole emocional é causa também de muita neurose, gastrite, hipertensão e até, remotamente de câncer. É verdade que ele não pode desconhecer a velocidade do mundo moderno e querer retroceder ao passado. Precisa de qualquer maneira acompanhar o ritmo dos acontecimentos modernos. Viajando numa rodovia, não pode alguém querer conservar o seu veículo a 20 quilômetros por hora, quando todos os outros carros desenvolvem 80 ou 120 quilômetros por hora. Não podemos voltar ao passado, ao tempo do carro de boi. Como então precavermo-nos do perigo do desequilíbrio emocional, evitar o estresse ou outra conseqüência grave. Há 2000 anos atrás um imperador romano dava um conselho que se aplica perfeitamente a esta nossa situação. Dizia: FESTINA LENTE. Quer dizer, APRESSA-TE DEVAGAR. Parece um paradoxo. Como apressar-se e ao mesmo tempo caminhar lentamente? Sim, é necessário que o ritmo acelerado da vida moderna seja seguido, sim; sem, entretanto, perturbar o ritmo da vida pessoal de cada um, sem deixar que nosso mundo emocional assuma o torvelinho do mundo exterior. É preciso acelerar com medida. Um carro na estrada é acelerado com cuidado, não ultrapassando um certo limite, limite estabelecido inclusive pela potência do seu motor, limite determinado pela distância a ser guardada com relação ao carro mais próximo. Da mesma forma, na vida pessoal, a velocidade dos acontecimentos pode exigir de nós uma aceleração no nosso comportamento. Mas essa aceleração deve manter os limites que nossa natureza exige. Festina Lente. Apressa-te Devagar. Tempo necessário para o sono, alimentação sadia em ambiente de tranqüilidade, tempo de lazer suficiente para restaurar as forças. Descanso de acordo com a atividade de cada um. Quem, no trabalho, desenvolve grande atividade física, descansa repousando o seu corpo. Quem só tem atividade mental e sedentária, deve descansar fazendo exercício físico. Festina Lente. Apressa-te devagar. Observemos a natureza, este belo mundo que Deus criou. A terra gira em torno do sol a uma velocidade incrível, 150000 quilômetros por hora. Os astros, bilhões e bilhões, estão em movimento continuamente, desenvolvendo velocidades astronômicas. Tudo num ritmo harmonioso, em perfeita ordem, que faz com que nem percebamos essas velocidades fantásticas. Na terra, plantas e animais se desenvolvem tranqüilamente de acordo com sua natureza. Nós homens também devemos acompanhar o ritmo do mundo moderno, mas respeitando os limites da nossa natureza. Limites de idade, limites de nossa capacidade de trabalho, de nosso poder econômico, etc... FESTINA LENTE.

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