Os primeiros caminhos para o Ó
Benedito Camargo


Em seu traçado original o rio Tietê ocupava grande área por causa de suas curvas
Foi a partir da fundação do colégio, por Nóbrega e Anchieta, no planalto de Piratininga, que nasceu em 1554, a vila de São Paulo, quando seus habitantes começaram a explorar os arredores da povoação. Os rios foram utilizados como caminhos naturais para a busca de víveres e riquezas. A canoa era o meio de transporte mais prático, e portanto, mais utilizado por todos. "Embarcados em sua canoa, o padre, o negociante, o fazendeiro, o simples homem do povo podiam atingir qualquer ponto dentro da zona povoada em torno de São Paulo"¹.


Aguarde uns instantes para carregar a imagem, e veja a animação que combina o mapa de 1929 com o de 2005. Verifique as curvas do rio e o projeto do corte que foi executado na década de 40.
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Mesmo não tendo registros precisos, acredita-se que foi em 1580 que Manuel Preto, filho de Antonio Preto, ao explorar os arredores da povoação, rumou rio abaixo, pelo Anhamby², o atual Tietê. Aportou à margem direita, próximo a uma colina azulada que o encantou, provavelmente em um afluente, já que era muito difícil desembarcar em rio tão caudaloso³. Pelos mapas antigos, vários são os afluentes do Tietê nesta região, e parece provável que o local onde o Bandeirante tenha desembarcado, tenha sido na proximidade, onde hoje há o cruzamento da Av. Santa Marina com Rua da Balsa e Av. Nossa Senhora do Ó, pois ali o rio adentrava em curva a um pequeno riacho.
Para a locomoção a pé ou em lombo de animal, foram criados caminhos terrestres, que se interligavam por pontes sobre rios. Nas grandes baixadas e várzeas foram executados aterros, para que se pudesse trafegar sem maiores problemas no tempo de enchentes, já que tais terrenos eram tão úmidos e encharcados, que se transformavam em verdadeiro mar, sendo impossível transpô-los sem o uso de embarcações. Com o passar do tempo foi criado um desses caminhos sobre a grande baixada, rumo a Água Branca, a atual avenida Santa Marina, que até fins do século XIX se chamava caminho de Manuel Preto.

1. Teodoro Sampaio, São Paulo de Piratininga nos fins do século XVI, R.I.H.G., São Paulo, Tomo IV, p. 257.
2. ZÍNGARI, N. R. e outros, 200 Anos de Paróquia Nossa Senhora do Ó - 1796-1996, São Paulo, Bassan, 1996, p 10.
3. Con. Paulo Florêncio da Silveira Camargo, A Instalação do Bispado em São Paulo e seu primeiro bispo, Vol. 1, pag 73.
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      BARRO, Máximo, História do bairros de São Paulo, Vol. 13,
          Nossa Senhora do Ó, São Paulo, P.M.S.P. - Sec. Mun. de Cultura, 1977.

Benedito Camargo é Bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, São Paulo, Diácono Permanente na Arquidiocese de São Paulo.


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