A capela de Nossa Senhora do Ó, situava-se em seu início, nas encostas do morro. Salvador Ligabue, em uma tela preciosa, retrata
essa capelinha que teria apenas 2,50m de frente por 3,00m de fundo, apresentando
do lado direito um sino suspenso por dois troncos.
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Em 1580 a família de Manuel Preto se instala na fazenda onde hoje situa-se
a Freguesia do Ó, e em 1610 constroem uma capela para a oração familiar.
Este espaço tornou-se fonte de fé, esperança e caridade cristã.
A fé cresce, pois muitas pessoas agora têm um lugar para rezar.
Na capela a esperança se agiganta, é o lugar da espera pela volta dos
bandeirantes que partiram.
A caridade se espalha, a capela torna-se o centro da partilha e solidariedade.
A comunidade cristã cresceu tanto que, em 1796, esse singelo ponto de encontro
passa a ser paróquia, isto é, uma porção do povo de Deus onde se celebra a
Divina Liturgia.
A pequena semente plantada cresceu tanto que a fonte da fé, da caridade e
sobremodo da esperança jorrou abundantemente. A protetora da paróquia e do
povo do bairro é a Senhora da Expectação do Ó. A grávida que espera, com amor
de mãe, com confiança absoluta que o Deus Misericordioso nunca vai abandonar os
seus filhos, e que vai ensinando-lhes pedagogicamente a sempre ter esperança, pois
Deus é fiel.
A paróquia tornou-se o ponto central e de referência para o bairro e este foi
se desenvolvendo em torno da igreja. A região chamada de Brasilândia, que
compreende várias "vilas" e "jardins" nada mais é do que a expansão
da "Freguesia" do Ó.
"Freguesia" significa, no português arcaico, bairro ou distrito. A Freguesia
do Ó é o único bairro em São Paulo que permaneceu com seu nome de origem.
"Ó" porque do alto da colina, antes do Natal, no tempo do Advento, tempo da
expectativa, da espera do nascimento de Nosso Senhor Jesus, o Cristo Bendito,
a igreja cristã cantava uma ladainha cujas antífonas começam com a exclamação
"oh!". Ladainha dedicada a Maria de Nazaré, mãe de Jesus. Esta ladainha até hoje
é cantada nesta paróquia no tempo do Advento.
Ela nos convida a esperar, a cada dia, a vinda de Cristo, o Filho bendito
do Deus Misericordioso.
Pe. Dalto Caram, (1939-2006) Doutor em Teologia pela Universidade de Friburgo, Suiça, professor na Pontifícia Faculdade de
Teologia N. Sra. da Assunção. É Cônego, membro do Cabido Metropolitano da
Arquidiocese de São Paulo
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